Empresas e marcas poderão criar extensões próprias, simplificando a comunicação com o público e tornando o acesso mais intuitivo e direto
Você sabia que a internet está prestes a passar por uma grande transformação? Em breve, empresas poderão criar seus próprios “sobrenomes” digitais, abrindo novas possibilidades para reforçar marcas, aumentar a segurança e inovar no relacionamento com clientes. Essa oportunidade surge graças ao programa de novos domínios de primeiro nível (nTLDs), liderado pela Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), a organização responsável por coordenar os endereços na internet globalmente.
Mas o que isso significa na prática? Pense em como normalmente acessamos um site, com extensões como .com, .org ou .net. Com os novos TLDs, empresas e marcas poderão criar extensões próprias, como .marca ou .produto. Por exemplo, uma organização que deseja facilitar a navegação pode criar domínios como ofertas.nomedamarca ou suporte.nomedamarca. Isso não apenas traz mais exclusividade, como também simplifica a comunicação com o público, tornando o acesso mais intuitivo e direto.
Desde que o programa foi lançado, em 2012, mais de 1.100 novos TLDs foram criados, com um impacto significativo na maneira como organizações do mundo todo se posicionam digitalmente. O Brasil também começou a explorar esse recurso, embora ainda haja um vasto potencial inexplorado. A nova rodada do programa, prevista para 2025, promete abrir portas para que mais empresas e setores se beneficiem dessa inovação.
A principal vantagem dos TLDs personalizados está na flexibilidade que eles proporcionam. Ao criar subdomínios específicos para campanhas promocionais, linhas de produtos ou serviços de atendimento, uma marca pode personalizar suas operações online. Isso torna as estratégias de marketing mais organizadas e proporciona uma experiência mais fluida e positiva ao usuário, além de reforçar a identidade da marca de forma memorável.
Além da flexibilidade, a segurança é um dos grandes diferenciais de um TLD próprio. Com um domínio exclusivo, a organização possui controle total sobre sua infraestrutura digital, podendo implementar políticas rigorosas de proteção contra ameaças cibernéticas, como golpes de phishing e ataques de ransomware. Em um ambiente digital onde a confiança é essencial, ter um TLD próprio agrega mais segurança e credibilidade.
Registrar um TLD, no entanto, não é um processo simples. A ICANN exige que os candidatos demonstrem capacidade técnica, financeira e legal para gerenciar o domínio. Além disso, o processo inclui verificações criteriosas para garantir que o nome desejado é legítimo e não infringe direitos de terceiros. Quando mais de uma organização demonstra interesse no mesmo TLD, a decisão pode envolver um leilão, o que exige preparação e estratégia por parte dos interessados.
Apesar dos desafios, os benefícios são inquestionáveis. Um TLD personalizado proporciona às marcas maior reconhecimento, exclusividade e segurança. Ele também se torna uma ferramenta valiosa para campanhas criativas de marketing, permitindo que as empresas se conectem de maneira inovadora com seus públicos-alvo.
No Brasil, o potencial para crescimento nesse segmento é significativo. Com a nova rodada de registros se aproximando, empresas brasileiras têm uma oportunidade única de inovar e se destacar de forma diferenciada no mercado global. Essa é uma chance de criar uma presença digital mais forte, alinhada às demandas de um ambiente cada vez mais competitivo.
Os novos TLDs são uma inovação tecnológica, bem como uma estratégia de transformação digital que pode gerar resultados expressivos em termos de visibilidade, segurança e conexão com os consumidores. Para as empresas que desejam estar à frente, o momento de planejar e investir é agora.
Paulo Milliet Roque é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES).
*Artigo originalmente publicado no IT Forum em 18 de dezembro de 2024